LIVRO: Dragões de Éter - Círculos de Chuva
AUTOR: Raphael Draccon
ANO: 2020
PÁGINAS: 472
EDITORA: Melhoramentos
SINOPSE: Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasceu a Era Antiga. Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo Rei, e a esperada Era Nova se inicia. Coisas estranhas, entretanto, nunca param de acontecer... Dois irmãos sobreviventes a uma ligação com antigos laços de magia negra descobrem que conexões dessa natureza não se rompem tão facilmente e cobram partes da alma como preço. Uma sociedade secreta renascida com um exército de órfãos resolve seguir em frente em um plano com tudo para dar errado em busca do maior tesouro já enterrado, sem saber o quanto isso pode mudar a humanidade. O último príncipe de Arzallum viaja para um casamento forçado em uma terra que ele nem mesmo sabe se é possível que existia, disposto a realizar um feito que ele não sabe se é possível realizar. Uma adolescente desperta em iniciações espirituais descobre-se uma mediadora com forças além do imaginário. E um menino de cinco anos escala uma maldita árvore que o leva aos Reinos Superiores, ferindo com isso tratados políticos, e dando início à Primeira Guerra Mundial de Nova Ether. E mostrará que o mundo nunca para de mudar.
Esse livro já se inicia com o tão aguardado casamento do Rei Anísio Branford e a princesa (agora se tornando Rainha) Branca Coração-de-Neve, e com o primeiro príncipe Axel fazendo uma descoberta desagradável e dolorosa, e que despertaria algo diferente nele.
Além disso, também temos os personagens principais João, Maria e Ariane Narin. Aqui vemos que João Hanson está vivendo seu sonho de infância como um escudeiro do cavaleiro Rinaldo Grimaldi. No entanto, este momento da vida dele tem sido um dos mais difíceis e angustiantes, jamais tendo pensado que assim o seria. Um sonho que, por um momento, tornou-se praticamente um pesadelo. Já Ariane Narin, descobre, a cada dia, mais sobre si mesma e sobre as artes místicas brancas, percebendo coisas que ela não sabia fazer e que eram até mesmo dolorosas. Por fim, Maria Hanson, que ainda estava exercendo o cargo de professora da Escola Real do Saber e aprendendo a lidar com a dor após ser dispensada por Axel e, ainda tendo que ouvir e lidar com comentários maldosos a respeito dela e de seu breve, mas profundo, relacionamento com o príncipe.
Com todos estes acontecimentos, temos também um infeliz incidente onde uma criança escalou uma árvore e subiu até aos Reinos Superiores, quebrando um acordo político e dando início a pior das guerras, a Primeira Guerra Mundial de Nova Ether. O Rei Anísio e seus conselheiros agora terão que tomar a difícil decisão de qual o melhor a ser feito perante a situação, enquanto Axel parte para terras distantes afim de encontrar com sua noiva e tentar fazer o impossível acontecer (impossível do ponto de vista dele).
Apesar de não ter mencionado os nomes deles nos posts do primeiro e segundo livro, temos o retorno dos personagens Snail Galford e Liriel Gabbiani após vencerem a guerra em prol da libertação das terras de Sherwood, vivendo novas aventuras e desafios, apostando até mesmo em um plano que tinha tudo para dar errado. Além dos dois se reencontrando com uma pessoa extremamente perigosa e que dificultaria as coisas para eles.
Partiremos, agora, para algumas observações e considerações que fiz durante a leitura [contém spoiler]. Leia por sua conta e risco:
1º Um erro que achei muito triste ter acontecido (por falta de atenção do autor e dos revisores). No prólogo nos é apresentado o personagem Jack, que desencadeou todo o contexto que levou à guerra na história. Nele, foi dito que Jack tinha apenas 5 anos de idade, porém, quando o pai dele (Lemuel Gulliver, ex-capitão dos Helsing, caçadores de bruxas) está conversando com os conselheiros, ele diz que o menino tinha 9 anos de idade e no fim do livro o menino volta a ter 5 anos (confuso, não? 👀). Não entendo como um erro desses pode ter passado despercebido. Além disso, como o próprio autor pode não lembrar da idade de um personagem que ele mesmo escreveu (não faz sentido, hein Draccon!)?
2º Quando o narrador começou a descrever como seria a guerra, eu até estava achando interessante, até perceber que ele fez a brincadeira pegue a bandeira como sendo o modelo de como iria ocorrer a guerra. Isso porque existem regras, até mesmo para as guerras e, a desculpa dada foi, que isso foi criado para diminuir o número de baixas durante o processo. Porém, isso não faz o menor sentido (em meu ponto de vista), visto que, foi dito que, mesmo tendo essas regras, o vencedor da guerra seria aquele que pegasse a bandeira e, assim, muitas baixas aconteceriam, ou seja, o exército inimigo teria sido eliminado, sobrando poucos prisioneiros de guerra. Assim, era melhor que a guerra fosse descrita como normalmente é.
3º Na batalha de campeões entre Bradamante e o gigante Polifemo (sim, é o ciclope da mitologia grega), o narrador diz que os gigantes ( que tinham entre 3 e 5 metros de altura) não pesavam menos de cem quilos, isso me incomodou. E porque digo isso? Porque um humano, de estatura convencional, pode facilmente chegar a cem quilos. Nesse ponto, seria melhor se o autor tivesse colocado que eles não pesavam menos de 400 quilos, visto que os gigantes eram descritos como imensos tanto na altura quando na largura, além de que quando fiz uma pesquisa, vi que o ator Hafþór Júlíus Björnsson, que interpretou o personagem "Montanha" em Game of Thrones e tem 2,06 metros de altura, já pesou entre 155 kg e 205 kg. Logo, tendo uma pessoa real como parâmetro, estranho colocar cem quilos como o peso de um gigante já que, quando imagino um gigante com esse peso, só consigo ver um gigante esquelético.
4º Nesse livro Maria Hanson foi deixada de escanteio, só servindo para ser inserida em um triangulo amoroso com dois novos personagens que (de novo, pelo menos pra mim) não possuem a menor relevância no livro, além de fazer Maria ficar indecisa e no meio de uma disputa entre os dois para tê-la. A personagem ficou totalmente apagada e, todo o desenvolvimento dela até aqui, não serviu para nada.
5º Quando Axel Branford encontrou seu amigo Muralha morto, a reação que ele teve (e a forma como foi narrado), fez parecer que Axel estava indo atrás da pessoa que matou Muralha, criando um mistério em volta disso para, no fim, descobrirmos que, na verdade, ele estava indo para o casamento dele. Só sendo revelado quem matou muralha ao final do livro.
6º Novamente se repete a história de um personagem morrer e depois voltar a vida, e isso acontece com João Hanson, que só não morreu de uma vez, por um encontro que lhe deu uma escolha entre morrer e cumprir com uma ordem que lhe seria dada no futuro. Tudo isso para depois dizer que ele era um escolhido e um tocado. Para mim, isso não precisava ter acontecido para que fosse mostrado que ele era uma criança escolhida.
Tendo sido feitas as observações e considerações iniciais, direi agora minha opinião final.
Esse livro possui mais inconsistências que o anterior, quais sejam: a volta de um personagem desnecessário (ao menos para mim) e que só foi usado para dar a Snail Galford seu momento de glória; personagens que aparecem na capa, mas durante o enredo do livro, só apareceram para contar o passado de um dos reis, fazendo-os parecer que serão importantes para a história, mas que, no fim, foram meros pretextos usados para justificar uma invasão; e, por fim, novamente a introdução dos cavaleiros de Helsing que, assim como no segundo livro, não tiveram destaque em nada e que só apareceram para dizer que estavam de volta (desocupados 😂).
A única parte que gostei (mesmo) de ler foi quando a guerra começou, o brilhantismo de Bradamante durante a disputa dela com Polifemo, e João, se tornando cada vez mais forte e decidido. Isso me prendeu na história. O resto não me agradou muito justamente pelas inconsistências e furos de roteiro.
Para mim, esse foi o livro mais fraco dos três lidos até agora. Dou 2 estrelas de 5. Lembrando que esses comentários são todos pessoais e que tá tudo bem descordar de mim, e que as coisas ditas aqui não são para diminuir ou criticar o autor de forma negativa, e sim para chamar atenção a esses detalhes.
E apesar das coisas que falei, ainda recomendo o livro (de novo, como disse nos posts anteriores, se você está lendo para passar o tempo) porque se você for ler sem se importar com esses detalhes, até se torna uma leitura divertida e que te desperta curiosidade para saber qual será o fim de tudo.
Enfim, até a próxima. Andem pelas sombras!
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