Tetralogia Dragões de Éter vol. 2
Resenha: "Dragões de Éter - Corações de Neve" vol. 2 de Raphael Draccon
AUTOR: Raphael Draccon
ANO: 2020
PÁGINAS: 456
EDITORA: Melhoramentos
SINOPSE: Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasceu a Era Antiga. Hoje, Arzallum, o Maior dos Reinos, tem um novo Rei, e a esperada Era Nova se inicia. Entretanto, coisas estranhas continuam a acontecer... Uma adolescente se vê envolvida em uma iniciação mística proibida, despertando dons extraordinários que tocam os dois lados da vida. Dois irmãos descobrem a ligação de um familiar com antigos laços de magia negra, que posteriormente serão cobrados deles. Duas antigas sociedades secretas, que deveriam ter sido exterminadas, renascem como uma única, extremamente furiosa. Após duas décadas encarcerado e prestes a completar 40 anos, um ex-prisioneiro, reconhecido mundialmente pelas ideias de rebeldia e pela divisão justa dos bens roubados de ricos e distribuídos entre os pobres, é libertado, desenterrando velhas feridas, ressentimentos entre monarcas e canções de guerra perigosas. O último príncipe de Arzallum resgata sombrios segredos familiares e enfrenta o torneio de pugilismo mais famoso do mundo, despertando na jornada poderosas forças malignas e benignas, além de seu controle e de sua compreensão. E a tecnologia do Oriente chega de maneira devastadora ao Grande Paço, dando início a um processo que irá unir magia e ciência, modificando todo o conhecimento científico que o Ocidente imaginava possuir. E mudará o mundo. Mais uma vez.
Hoje iremos falar do segundo volume da tetralogia Dragões de Éter - Corações de Neve. Nessa continuação vemos mais do desenvolvimento dos personagens João e Maria Hanson, Ariane Narin, Axel e Anísio Branford, além de ter novos personagens inseridos na trama que tem importância para o desenvolvimento dos personagens principais.
Aqui, vemos que, agora, o Rei de Arzallum é o antigo primeiro príncipe Anísio Branford, que precisa tomar grandes decisões. Decisões estas, que irão mudar o rumo de todo o reino de Nova Ether. Maria já não é mais uma aluna e sim uma professora, depois de seu grande papel em ajudar a desvendar os mistérios ocorridos no primeiro livro, ao lado de seu antigo professor e de seu irmão João; Ariane, descobrindo mais sobre si mesma e o porque de certas coisas acontecerem somente com ela; João tendo que amadurecer de maneira precoce depois de acontecimentos em sua vida e tendo que resolver um conflito interno, após fazer uma descoberta que o fez mudar a maneira como enxergava as coisas e, por fim, temos Axel, que está participando do tão aguardado torneio de pugilismo e também tentando resolver questões internas.
A maior parte dos acontecimentos da história vai se passar enquanto o torneio de pugilismo acontece e, aqui, nos é apresentada de maneira mais clara, as relações entre os governantes de cada país que compõe o reino de Nova Ether e, também descobrimos que nem todos eles tem uma relação muito amigável (principalmente com o governante de Minotaurus).
[Spoiler] Um dos novos personagens que mencionei antes, se chama Ruggiero, ele é particularmente cativante. A forma como fala, sua personalidade e crenças, nos faz gostar e ter ainda mais empatia por ele, bem como é ele quem ajuda no desenvolvimento de Axel durante o torneio. E, falando em Axel, vemos que aquela imagem de príncipe perfeito vai sendo desconstruída porque, aqui, nos é apresentando seu lado egoísta, quando ele presenteia Maria e a leva para uma última noite especial antes de terminar com ela, tornando tudo mais doloroso para a garota, enquanto ele está conversando com seu irmão sobre as razões dele ter ido em uma aventura atrás dele.
Agora, direi as minhas considerações e, a partir daqui, contém spoilers:
1º A capa do livro é bonita. Tendo a Branca Coração-de-Neve, os sete mestres anões, a águia-dragão do Axel e Locksley (Robin Hood), porém, todos os citados (tirando Locksley que teve um pouco mais de "tempo de tela") quase não tiveram destaque na história. A capa dá a entender que o foco do livro será neles, mas não é o que acontece.
2º De 456 páginas, praticamente 352 foram durante o torneio de Punho-de-Ferro, onde os desenvolvimentos e acontecimentos foram se passando "dentro" do torneio, mesclado com a trama de João e Locksley.
3º Em meu ponto de vista, o autor quis falar de muitas tramas ao mesmo tempo e, infelizmente, não conseguiu dar a devida atenção aos enredos de forma individualizada e com um tempo de qualidade para desenvolvimento das histórias, já que a maior parte, como eu disse antes, aconteceu "dentro" do torneio.
4º Acho que ficou faltando se aprofundar mais na história da princesa Branca. O desenvolvimento dela foi muito corrido e poderia ter mais detalhes, como por exemplo, o relacionamento dela com a bruxa que quase se tornou sua madrasta. Assim como a princesa Branca, os mestres anões quase não apareceram e, quando apareceram, foram mal aproveitados. Eu, particularmente, os achei personagens muito interessantes e peculiares. Seria legal se eles tivessem sido mais desenvolvidos e tivessem tido mais tempo de aparição no livro.
5º A guerra de Robin Hood foi muito rápida e o autor só retratou ela em 15 páginas no epílogo. Já que este foi um assunto tão falado ao longo do livro, achei que teria mais coisas pra se mostrar sobre (entendo que não é fácil escrever, mas ficou bem curtinha e poderia ter sido maior). Eu não me importaria de ler um pouco mais de páginas se estivesse falando sobre essa guerra.
6º Para 456 páginas, acho que o autor não soube dividir bem sobre o que ele queria retratar a respeito da trama de cada um dos personagens e acabou que alguns desenvolvimentos ficaram muito rasos.
7º Por fim, assim como no primeiro livro (não comentei sobre isso no post do primeiro livro, mas lá também é algo recorrente), aqui, o autor termina alguns capítulo falando algo como: "e essa foi a última vez que algo aconteceu, pelo menos até agora", isso acontece com frequência e, as vezes, quando esse tipo de comentário acontece, o autor coloca um spoiler da história, ou, do destino de algum personagem. Isso quebra um elemento surpresa porque o leitor já sabe o que irá acontecer. Um exemplo disso, é quando ele dá um spoiler do futuro do guarda-costas (e melhor amigo do príncipe Axel) Muralha, futuro esse, que nem acontece neste livro(!), fazendo com que nós fiquemos na expectativa de quando esse destino vai acontecer e, depois, nos frustrando porque não aconteceu nada. 💀
Considerações finais:
Apesar dessas considerações, achei esse livro superior ao primeiro. Algumas coisas que eu tinha criticado no primeiro livro foram corrigidas (isso é um ponto positivo, por mais que algumas coisas tenham voltado a se repetir). Fiquei presa na história do início ao fim, principalmente durante as lutas e na história do João (e na história dele com Ariane também💓).
As coisas que, anteriormente, pontuei me deixaram um pouco decepcionada, mas não é nada que faça o livro ficar ruim. As revelações do passado de João e de Axel foram surpreendentes e, muito importantes, pra que todas as dúvidas sobre eles fossem sanadas.
Dito isso, na escala de 5 estrelas eu daria 3. Foi um livro que gostei muito de ler (muito mais do que o primeiro) e que com certeza leria de novo. Foi uma experiência agradável e, assim, continuo com a recomendação para o público alvo, mas, até para leitores mais experientes esse livro é bem divertido. Não acho que tenha nada significativo que o faça ser uma leitura difícil ou desagradável.
É isso, até a próxima, e lembrem-se de andar pela sombra!
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