Tetralogia Dragões de Éter vol. 1

 Resenha: "Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas" vol. 1 de Raphael Draccon





LIVRO: Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas

AUTOR: Raphael Draccon

ANO: 2020

PÁGINAS: 367

EDITORA: Melhoramentos

SINOPSE: Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasceu a Era Antiga. Essa influência e esse temor sobre a humanidade só tem fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas. Primo Branford é agora o Rei de Arzallum e, por vinte anos, saboreia, satisfeito, a paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a acontecer... Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com magia negra. Dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem doces e bebem água barrenta como se suco, envolvidos pela magia de uma antiga bruxa canibal. O navio do mercenário mais sanguinário do mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna dos mares com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que vai mexer em profundos e tristes mistérios da família real.
    E mudará o mundo.

Raphael Albuquerque Pereira, mais conhecido como Raphael Draccon, é um escritor, editor, roteirista e produtor cinematográfico brasileiro, conhecido principalmente pelos livros da trilogia Dragões de Éter (que 13 anos após a trilogia ter acabado teve seu 4º livro lançado) e pelas séries Cidade Invisível e O Escolhido, do serviço de streaming Netflix. Ele também foi premiado pela American Screenwriter Association e ficou entre os 10 escritores mais influentes do mercado brasileiro.

Dada a apresentação do autor, agora vamos ao que interessa. Esse livro é voltado para o público infanto-juvenil, ou seja, é voltado para o público adolescente. Contando a narrativa de diversos personagens dos contos de fadas infantis, que foram escritos com muita personalidade e de maneira mais atrativa para quem lê, tem uma escrita de fácil compreensão (pelo menos nesse primeiro livro). 

Apesar de mostrar outros personagens e diversas tramas ao mesmo tempo, a história tem Chapeuzinho Vermelho (Ariane Narin), João e Maria Hanson (os mesmos do conto João e Maria), e o príncipe Axel Branford como os personagens principais no geral. Além deles serem os personagens principais, a partir de certo ponto, a história de cada um deles acaba por se encontrar, fazendo surgir novas amizades por parte de alguns deles.

Esse livro traz como pano de fundo, um mundo em que os personagens vivem e são comandados por semideuses e pelo deus criador, e de que cada pessoa nasceu predestinada a algo na vida, algumas sendo ainda mais especiais do que outras. Esse conceito é tão forte na narrativa que a maior parte da história gira em torno disso. Além disso, toda o desenvolvimento do livro é feito pelo autor, que as vezes conversa com o leitor no meio da história, isso pode ser legal para alguns e incômodo para outros.

Uma coisa legal nesse livro é o fato de que, no epílogo, o autor traz rapidamente o passado de uma personagem que aparece ao longo da história do livro, nos mostrando o que aconteceu com ela e o que a fez chegar até onde chegou, matando a curiosidade que criamos quando nos perguntamos: "como foi que ela chegou até esse ponto e porque é tão má?"


Dito isso, agora irei dar minha opinião pessoal e algumas críticas. [pode conter spoiler]

Algumas coisas que me incomodaram e que, ao pesquisar, vi que também causou incômodo em outras pessoas, foi o fato de possuir erros gramaticais grosseiros, erros de pontuações, informações que não fazem sentido, e morte de personagens que no fim foram anuladas por arrependimento do autor (ou que pelo menos faz com que os leitores tenham essa percepção de arrependimento). 

A pontuação tem diversas inconsistências, principalmente nos diálogos. Sempre que um personagem termina de falar, após o travessão (—),o autor fica alternando entre letra minúscula e maiúscula quando a fala retorna para o narrador, vou dar um exemplo pra ficar de melhor entendimento:

 " Hoje o dia foi cansativo — Disse fulano após se deitar", " Dormi bem, mas ainda tô com sono — falou se levantando da cama". 

Porque estou falando disso? Estou falando, porque quando o personagem e o narrador estão na mesma frase, o travessão tem a função de mostrar quando o personagem começa e termina de falar, além de indicar que quem vai falar a seguir é o narrador, assumindo assim a função da vírgula. É por esse motivo que sempre que o narrador for falar depois do personagem na mesma frase, ele vai começar a escrita com letra minúscula, assim como foi mostrado no segundo exemplo. Por isso que o autor ter cometido esse tipo de erro e a revisão também não ter corrigido foi algo estranho.

A segunda coisa que me incomodou também, foi o fato de que alguns diálogos ficam muito longos. Ao invés de continuar como um parágrafo único, o autor continua em outro parágrafo e coloca o diálogo entre aspas ("), e isso acontece por várias vezes. Isso, particularmente foi algo que me incomodou muito e que até mesmo chegou a me irritar.

A terceira consideração, refere-se as informações que mencionei anteriormente e, aqui, contém spoiler. Quando o príncipe Axel vai partir em sua aventura particular, o autor fala sobre seu corcel (bóris) e diz: 

"ele é um dos cavalos mais velozes que tem, já que facilmente atingia a velocidade de dez quilômetros por hora de um cavalo comum, mas ia muito além, se necessário fosse, conseguido percorrer quinze ou dezesseis"

Afirma ainda que, com peso, bóris consegue correr oito ou nove km por hora. Em sua forma mais veloz o cavalo ainda é lento, isso porque um cavalo trotando atinge de 10 a 19 km por hora numa boa, se ele estiver com peso (e que na narrativa fica claro que não era tanto) pode correr até 30 km por hora. Contudo, se o cavalo estiver apenas com o cavaleiro ele pode atingir entre 50 à 60 km por hora. Sendo assim, o autor colocou como se a velocidade fosse impressionante, mas quando você para pra pensar um pouquinho, percebe que não é.

A quarta e última consideração que farei, é sobre como muitos capítulos que aparecem não agregam praticamente nada à parte principal. Isso já faz a narrativa decair um pouco, pois acaba se tornando "encheção de linguiça", além de que o autor faz parecer que tal personagem vai morrer, cria um clima em cima disso e no fim não acontece nada com aquele personagem, e sim com um figurante (que geralmente não tem o mínimo de peso emocional), e quando de fato o personagem que nos interessa morre, o autor parece que se arrepende (?) e arranja uma forma de trazer esse personagem de volta.
 Agora, vamos para uma avaliação geral:

O livro é um pouco arrastado e confesso que demorei pra conseguir ler até o fim. Irei ler as continuações? Sim, e sendo honesta, já li até o terceiro e estou indo para o quarto (e último) livro. Recomendo o livro mais para o público alvo, mas caso você queira ler vá sem medo, se você só estiver lendo pra passar o tempo. No geral o livro não é de todo ruim, por mais que tenha esses defeitos, os personagens conseguem te cativar. 

Dando uma nota na escala de 5 estrelas, eu daria 2.5, por todas as questões que pontuei. Lembrando que tudo o que foi dito é uma opinião pessoal, somente lendo é que vocês podem tirar suas próprias conclusões e ai podem pensar se concordam ou não com o que foi dito aqui.

Sendo assim, até a próxima e andem pela sombra!

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